23 de março de 2011

Teto de salas de aula desaba



A pergunta que ecoava entre curiosos, militares do Corpo de Bombeiros e direção da Escola Municipal José Euzébio Fernandes, em São Tomé, ao observarem o que restou de duas salas de aula, era a mesma: não morreu ninguém? Os escombros, as carteiras retorcidas e o material escolar espalhados pelo chão batido do terreno da escola evidenciavam a gravidade do desabamento ocorrido por volta das 9 horas de ontem. Doze crianças saíram feridas. Nenhuma delas em estado grave, apenas escoriações leves.


“Foi a mão de Deus que nos salvou. Eu estava explicando a lição ao alunos e percebi o quadro tremendo. Depois a parede baixou e eu gritei chamando os alunos para perto de mim”, descreveu a professora Maria de Jesus da Silva, ainda assustada. Das 28 crianças entre oito e nove anos de idade, alunas do 4º ano do ensino fundamental que assistiam aula no momento do desabamento, 12 se feriram. Duas delas ficaram sobre os escombros e foram socorridas pela professora  e pelos próprios alunos.


Katly Rayana, de 9 anos, foi uma das alunas mais atingidas pelos escombros. Com escoriações em todo o corpo e com uma luxação no ombro esquerdo, ele foi encaminhada ao hospital regional de São Paulo do Potengi  junto com mais três crianças. Entre elas, estava Maria Clara Santos de Sousa que descreve o momento que o teto e as paredes ruíram. “A gente estava estudando, vendo a professora explicar e só ouvimos um barulho e tudo caiu”.


As crianças passaram por exames de raio-x no hospital da cidade vizinha para detectar lesões mais graves. Nada foi confirmado e elas retornaram para casa. As demais crianças foram atendidas no hospital municipal de São Tomé. “Nós atendemos 12 crianças que sofreram ferimentos. Apenas escoriações e hematomas. Medicamos e liberamos em seguida Três foram para São Paulo do Potengi, mas nada de mais grave ocorreu”, admitiu o médico de plantão, Raroldo Rocha.


A diretora da escola, Márcia Maria Bezerra, não estava no local no momento do acidente. “Hoje era o dia da vice-diretora dirigir a escola. Quando eu soube que tinha caído, corri para cá”, comentou. De acordo com Márcia, nenhuma rachadura ou comprometimento da estrutura física haviam sido detectados ultimamente. A parte que ruiu, que inclui duas salas de aula, foi construída há cerca de 15 anos. Uma das salas ficou totalmente destruída. Na outra sala, nenhuma das crianças se feriu.


Duas equipes do Corpo de Bombeiros se dirigiram ao local com o intuito de socorrer as vítimas, mas quando chegaram todas haviam já sido sido atendidas. O chefe da operação, tenente Góis, isolou a área e solicitou que a escola permanecesse fechada até que a investigação sobre as causas do acidentes forem concluídas. Um funcionários do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea RN) esteve no local.


De acordo com o pedreiro José Cosme da Silva, que trabalhava na construção de uma sala de aula vizinha a que desabou, o acidente pode ter sido causado pelo alicerce da construção feito ao lado da estrutura antiga. “A orientação do engenheiro foi de que a gente cavasse mais para fazer o baldame”, disse José. O responsável pela obra foi procurado mas não estava na cidade na manhã de ontem.


O prefeito do município, Anteomar Pereira da Silva, encaminhou um ofício ao Crea  RN solicitando a vistoria do local. “Somente com o laudo do Conselho, tomaremos uma decisão”, comentou. De acordo com ele, as atividades escolares serão remanejadas para um outro espaço da prefeitura para que os alunos não sejam prejudicados com a interdição do prédio.

FONTE: TRIBUNA DO NORTE